segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ecomotion 2012


RELATO ECOMOTION 2012
A PROVA

Dia 13 de maio de 2012 às 6:30h foi dada a largada do Ecomotion 2012 (WWW.ECOMOTION.COM.BR). Um percurso curto de corrida de orientação serviu para dispersar as equipes não causando um tumulto muito grande para o início da canoagem.  Começamos bem e não demoramos a entrar no rio para iniciarmos o trajeto de  54km , sendo  os 14km iniciais de remanso com pequenas corredeiras . Após esses 14 km iniciava-se o tão temido (pelo menos para mim) trecho de grandes corredeiras que como já havia alertado a organização, iria exigir muita técnica por parte dos atletas para que acidentes sérios não corressem.
É claro que viramos ( Eu e João Bandeira, meu parceiro nesse trajeto) algumas vezes ( 5 pelas minhas contas) mas em nenhuma das vezes passamos por problemas sérios. No outro caiaque estavam Diogo e Glauco, que por fatalidade teve seu remo preso numa pedra e com a velocidade da queda que jogou-os rio abaixo, não teve como voltar para reaver esse equipamento.  Seguimos assim até o final do trajeto, fazendo revezamento de remos entre nós e terminamos os 54 km sem maiores problemas na décima segunda colocação, num total de 40 equipes. Ficamos felizes e motivados!Até por que estávamos somente 1hora atrás da primeira equipe que era composta pelo Zé Pupo, o “mestre” da canoagem em corredeiras do Brasil.
Partimos para os 25 km de trekking com muita animação.Nos 10 km iniciais estávamos super bem, num ritmo forte e com a navegação tranquila.até que começou a escurecer e tínhamos que achar uma trilha que se iniciava no lado oposto do rio em que estávamos. Era uma trilha d e pouquíssima visibilidade e com a ausência de luz, não conseguíamos achar. Várias equipes se encontraram nesse ponto tentando em vão encontrar a tal entrada.
Nos  separamos e fomos tentar um caminho alternativo , o que nos custou muito caro pois nos embrenhamos numa mata fechada, tivemos que “varar” muito mato e tardamos nosso trajeto em mais de 10h!!!!
Mas tudo bem, isso acontece. Ainda temos muita prova pela frente. Seguimos confiantes pros próximos 45 km de bike. Como havíamos previsto, o trecho foi realizado com muita tranquilidade num excelente tempo! Seguimos confiantes e demos início a mais um longo trecho de trekking (cerca de 35 km) . Começamos muito bem, encontramos o PC com facilidade e seguimos firmes. Alguns quilômetros adiante uma triste constatação: estávamos perdidos novamente!!! Dessa vez , com mais 3 equipes. Novamente um erro que nos custou mais de 10h perdidos . A partir daqui, os pés já começaram a se deteriorar devido a tantos km a mais subindo e descendo morro, sem água e comida suficientes pois havíamos nos preparado para uma distância e um tempo bem menor. O psicológico já começa a causar alguns  conflitos mas nada grave. Seguimos ainda confiantes para os 140 km de bike, que fizemos com muito mais facilidade do que eu poderia imaginar. Fiquei radiante de alegria ao constatar que após tanto tempo de prova percorrida, tantos km a mais de caminhada dura e , principalmente após esses 140km de bike, meu corpo estava zerado. Não sentia cansaço nem dores musculares porém, meus pés estavam com muitas bolhas . Não me preocupei muito pois o próximo trecho era de 25 km de canoagem. Assim, poderia dar um descanso maior para os pés e tentar alguns cuidados para minimizar os estragos.
Passamos tranquilos pelo longo trecho de canoagem , realizado em 2h e 50 min.!!!! Ficamos muito felizes com esse desempenho!
Partimos agora para 45 km de trekking. Agora todo o cuidados com os pés é pouco!

A DIFÍCIL DECISÃO
Infelizmente, como nos trecho anteriores, mais uma vez ficamos perdidos por horas! Os pés pioraram bastante , o tornozelo do Glauco que estava muito inchado, com torção e tendinite, começou a ficar muuuiiito mais inchado. O trecho era considerado o mais difícil de toda a prova e como estávamos em um lugar que parecia ser fácil de conseguir resgate, uma vez que era um enorme estradão com rio e um povoado por perto, decidimos desistir de continuar e chamar nossa equipe de apoio para nos buscar. Tiramos o lacre do rádio e para nossa surpresa, não conseguimos contato com a organização. O que fazer?
Estávamos no VÃO DE ALMAS , maior área quilombola do Brasil ,local onde habitam os Kalungas.
Paramos numa primeira casa e não conseguimos muita informação pois o casal que lá habitava, era bem simples, tinha uma certa dificuldade de se expressar e não tinha muitas informações para oferecer mas nos disseram que às vezes , um caminhão passava para levá-los para Cavalcante , a cidade onde estava nossa equipe de apoio e uma boa estrutura do PC/AT da organização do Ecomotion.
Seguimos adiante , atravessamos um rio e enquanto os meus 3 companheiros de equipe tentavam a comunicação com o rádio , eu resolvi dar uma volta pelas imediações para ver se conseguia mais alguma informação.

O PODER DA INTENÇÃO
Aí começou a minha grande aventura no Vão de Almas!!!!!
Avistei uma casinha bem simples  e fui me aproximando devagar. Pedi licença e , imediatamente, me convidaram para entrar. Estavam Natalino, ( um homem de cerca de 35 anos), sua mãe, sua mulher , e dois filhos pequenos na parte de fora da casa, numa choupana , onde se localiza o fogão a lenha da família. Estavam começando a almoçar.
Contei para eles o que havia acontecido comigo e com meus companheiros de equipe e perguntei se eles sabiam de algum carro ou caminhão que passasse por ali. Natalino imediatamente falou que o caminhão que passa por ali para levá-los para Cavalcante  com certeza iria passar por volta das 15:00h , que custava R$ 25,00 por pessoa , que ele nos levaria lá no “ponto” (uma estrada a alguns km dali) e que fazia questão que eu e meus companheiros de equipe sentássemos para almoçar com eles!!!
Quando eu voltei para a beira do rio , falei a seguinte frase:  - Olha, o carro(como os kalungas  se referem ao caminhão) vai passar às 15:00h, custa R$ 25,00 p/pessoa e o pessoal da casa ali ainda está convidando a gente pra almoçar! eles ficaram me olhando meio sem acreditar. Mas a descrença durou apenas alguns segundos, afinal, alguma luz havia aparecido e tínhamos que segui-la!
Com muito arroz e feijão no prato pois era a única coisa que a família tinha para o almoço, mas que fizeram imensa questão em compartilhar com a gente, ficamos reabastecidos. Mais dois filhos do casal chegaram da escola, mais parentes, todos reunidos contando suas histórias e querendo saber das nossas.
Não tardamos muito por ali pois tínhamos ainda uma caminhada para chegar a estrada e pegar “o carro”. Como combinado, Natalino com toda a sua boa vontade e seu jeito quieto e prestativo, nos conduziu até o local. Aproveitou para passar pela escola aonde os filhos estudam e nos mostrar a precariedade. Aproveitou para desabafar um pouco sobre as dificuldades que vivem por ali tendo que pagar R$50,00 para ir e voltar de Cavalcante, cidade que dista 70 km da comunidade e que , antes de terem “o carro” tinham que ir  revezando , uns de burro , uns caminhando, muitas vezes levando os filhos,  se tivessem que ir ao médico. O percurso é muito ruim com estradas de terra bem precárias , tendo que passar por dentro de rios, etc.
Como eu não podia deixar passar, meu lado revolucionário falou mais alto e eu já deixei um recado para eles irem  na Câmara de vereadores de Cavalcante, procurar o vereador que segundo ele, todo período de eleição vai lá e bate de casa em casa pedindo voto, e exigir as modificações prometidas.
Quando eu podia imaginar uma situação dessas em pleno Ecomotion!


A ESPERA

Chegamos na estrada. Agora só nos resta esperar. Nossa pergunta: - O “carro “ passa às 15:00h?
Resposta de Natalino: Não é muito certo não, às vezes ele nem passa, mas hoje vai passar sim. Espera que passa!!!rs
Ele nos disse que tinha 2 amigos que moravam naquela estrada e perguntou perto de qual deles gostaríamos de esperar . Pedimos o mais perto, claro! E ele nos deixou perto da casa de um senhor chamado Sr. João.
Ali ficamos! Dormimos, acordamos, ; choveu, parou de chover e o carro???? Nada!!!
Até que aparece seu João montado em seu burro dizendo que ia caçar. O Diogo resolveu, como quem não quer nada, arriscar a perguntar se por ali era possível encontrar um telefone. Resposta do seu João: - Eu tenho!!!!!!  Mas não pega aqui não. Tem que andar um pouco pra lá.... e apontou pro horizonte...rs
Eu , doida pra resolver a situação mandei logo: - tem como eu montar nesse burro aí e ir com o senhor lá ligar?
Sr. João: - tem não mas eu monto um burro para e vc vai comigo , cada um num burro!
Os caras ficaram um pouco preocupados mas era a nossa única saída. Tínhamos voltado a “estaca zero”.

COMO CONSEGUI FALAR NO CELULAR NO VÃO DE ALMAS
Lá fui eu com o número de telefone de um dos nossos 3 amigos da equipe de apoio anotado num papel, atrás de seu João, fazendo meu Ecojegue, como disse o Glauco!
Entra em trilha , sai de trilha, entra em rio, sai de rio, quase 1h depois, no meio de um enorme vale , chegamos ao único local, dos 2530km² de serra que compõem aquele vale, aonde se é possível conseguir sinal para celular. Mas quem pensa que chegando lá, o sinal é tranquilo, imagine a seguinte cena: 3 pedras posicionada como se fossem banco e uma árvore distante cerca de 20m dessas pedras. Ali e somente ali, em ALGUNS PONTOS desse trajeto era possível conseguir sinal. Mas também não era assim, de imediato.... tinha que esperar. Segundo ele, aquele dia ainda estava mais difícil pois o céu estava nublado.
Mas eu não desisti!!! Como sempre na minha vida costumo estar “A ESPERA DE UM MILAGRE”, UMA VEZ QUE ACREDITO NA Lei da Atração e no poder da intenção; eu não podia admitir sair dali sem uma solução.
Enquanto seu João tentava conseguir sinal , eu comecei a meditar a rezar, a tentar me conectar com uma força maior para resolver aquela situação.
De repente, quando eu levanto a cabeça, vem chegando um homem, de cerca de 30 anos, que ali estava também com o mesmo intuito, ou seja, queria telefonar.
Logo que chegou, ele conseguiu sinal. Conversou com um , com outro. Seu João conseguiu falar com o cara do “carro” , que disse que só conseguiria chegar no dia seguinte às 12:00h!
Caramba , esperar até às 12:00H DO DIA SEGUINTE?!  Já era uma luz mas eu queria algo melhor!

O LEI DA ATRAÇÃO
Vou continuar tentando. Aí o Neno, o nosso companheiro  no “telefonódromo” resolve emprestar o celular dele para eu tentar falar com os meus companheiros da equipe de apoio. Sem sucesso. Até para o Rio ligamos para tentar saber por que  a gravação telefônica dizia que o número era inexistente  e nada!
Até que ele me falou que ele estava conseguindo falar com facilidade pois estava falando com o irmão que estava em Cavalcante, que era bem mais perto dali . Afinal , os números que eu estava ligando eram de Brasília ou do Rio.
Quando ele falou que o irmão estava em Cavalcante, uma luz se acendeu na minha mente!!! É agora! Tudo vai se resolver!
Respirei fundo e perguntei: Você pode ligar de novo pro seu irmão que está em Cavalcante e pedir a ele para ir lá no local onde estão meus amigos e dar um recado a eles?
Ele na maior boa vontade do mundo:
 - Posso mas vc sabe dizer o local certinho onde eles estão?
- Eu: Não sei não! Mas garanto que ele não vai ter dificuldade de saber pois deve ser perto de uma praça, com certeza vai ter um monte de gente, de carro, da bicicleta, um movimento danado. Em cidade pequena, todo mundo deve estar sabendo.
Neno: - Ok Vamos tentar.
Ligou e o irmão atendeu imediatamente, imediatamente identificou o local de que falávamos, imediatamente se propôs a pegar a moto do outro irmão que mora em Cavalcante e FOI LÁ!!!!
Não deu 5 minutos e nós ligamos de novo e ele JÁ ESTAVA LÁ! Não foi como esse pessoal de cidade grande que diz que vai e não vai; ou que diz que vai agora e só vai daqui a horas....
O cara fez tudo IMEDIATAMENTE! Quando ele passou o telefone dele pro Thiago ( que não era somente da organização do evento, era um dos diretores da prova!) e o Thiago conversou comigo, que minha equipe de apoio estava lá, que era para eu ficar tranquila, que eles não só iriam imediatamente nos buscar como o irmão do Neno, o dono do telefone, se propôs a IR JUNTO!!!! MEU DEUS!!! CONFESSO QUE FIQUEI EMOCIONADA!!!!
COMO PODE TANTA GENTE AINDA NÃO ACREDITAR NO PODER DA FÉ, DA INTENÇÃO, DA ATRAÇÃO???  Desculpem mas não entendo...
Seu João já estava um pouco preocupado pois começava a escurecer, então finalizamos a ligação com o Neno explicando pro irmão dele onde estávamos e pronto!
A minha vontade era de pedir para ele se levantar do banquinho de pedra e dar um abraço nele mas achei que   não era conveniente e me contentei em ficar PULANDO na frente dele agradecendo , dizendo que ele não tinha ideia de como eu estava feliz! Que desejava muitas bênçãos na vida dele dali em diante!
Mesmo com seu jeito pacato e tímido, percebi a satisfação em seu semblante! Acho que ficamos equilibrados em nossas emoções naquele momento.
Agora tínhamos , eu e seu João, mais uma questão a resolver: a noite chegou e agora? Não levamos lanterna!!! Como fazer para nos deslocarmos num caminho de quase 1h, cheio de trilhas para tudo que é lado, tendo que passar por 3 rios, sem enxergar absolutamente nada??
Sem exagero, o breu era total! E agora? Muito simples! Quem solucionou esse dificílimo dilema? O BURRO!!!  Êta animal com memória e sendo de direção! O bicho nos levou  de volta pra casa tranquilamente, sem errar um milímetro,  no mesmo tempo em que  fizemos o trajeto na ida!
E lá estava eu, naquele breu total! Radiante por estar vivendo tudo aquilo. Por ter conseguido falar com o pessoal em Cavalcante e por constatar que tudo que eu acredito estava ali, confirmado na minha frente! Sem espaço para dúvidas!  Ainda por cima, sendo guiada por um burro (ou jegue) totalmente às escuras e completamente confiante!!!
EU AMO A NATUREZA!!!!! Como Deus é perfeito! Como o Universo é esplendoroso!
Chegamos a casa do seu João e eu fui imediatamente contar  tudo que tinha acontecido, pros meus companheiros de equipe , que já haviam saído da estrada, obviamente e tinham sido acolhidos pela esposa do seu João, que logo nos ofereceu um delicioso jantar. Com muito arroz e feijão ..rs mas também tinha uma carninha e um peixinho para quem não é vegetariano como eu!
Nesse momento, começou uma chuva muito forte! Ficamos receosos de nossa equipe de apoio não ir nos buscar devido a esse fato mas seguimos esperando.
Resolvi dar uma descansada e pedi licença para abrir meu cobertor de emergência no chão da sala mas a esposa do seu João imediatamente disponibilizou  duas  redes para dormirmos. Eu me instalei em uma e o Glauco na outra.
Que sensação maravilhosa deitar naquela rede depois daquele jantar simples mas recheado de boa conversa, temperado com a alegria de todos nós por termos conseguido o que parecia impossível. Uma paz tão grande me invadiu e eu dormi como há dias eu não dormia...acordei no meio da noite, com uma certa expectativa se o pessoal viria ou não mas logo percebi que a chuva realmente atrapalhara nossos planos. De qualquer forma, estava tão bom ali... tudo bem! Amanhã resolvemos!
Acordamos cedo com seu João nos oferecendo café fresquinho com biscoitos! Quanto cuidado! Quanto carinho vindos de uma família inteira que tínhamos acabado de conhecer!  (ao chegar na casa do seu João descobri que Neno é irmão de D. Joana , ou seja, os outros irmãos que estavam em Cavalcante – o que emprestou o telefone e foi até o local , bem como o que emprestou a moto, também são irmãos dela e cunhados do seu João). Ô Benção!
Como é boa essa sensação!
Enfim, o Alan nosso amigo, nosso companheiro e nosso apoio LITERALMENTE! Chegou e nos explicou que realmente a chuva os impedira de ir na noite anterior, o que compreendemos prontamente! O irmão do Neno realmente foi com ele não só para guiá-lo mas também por que  precisava  pegar algumas  coisas na casa do Seu João e levar de volta para Cavalcante. Ele nos ajudou e agora, estávamos ajudando ele. Ficamos muito felizes em constatar isso! Deixei pra ele também meu recado revolucionário! rs
Antes de sairmos com o carro, avistamos uma outra equipe que havia se perdido e estava com pouca água, comida e como as nossas comidas ainda estavam no carro, abrimos um isopor lotado de bebida gelada, inclusive com água de coco e oferecemos para que levassem o que quisessem. Foi muito legal ver a alegria no rosto deles também! Não completamos  a prova mas depois de termos recebido tanta ajuda, é muito gratificante ajudar e fizemos isso de coração e torcendo para que eles fossem mais bem sucedidos do que nós nessa jornada que para nós tinha terminado!
Chegamos em Cavalcante, tomei uma delicioso banho no banheiro de uma creperia , comi um crepe e já estava renovada! Me sentindo com uma energia, uma vitalidade!!! Saí de lá e fui direto pra cachoeira com a nossa equipe de apoio. Estou na paz total! Realizada apesar de não ter completado a prova!


O GRANDE APRENDIZADO
O que ficou muito claro na minha mente, no meu coração e na minha alma, foi que nós tínhamos duas opções: continuar a prova e terminar correndo risco de sérios problemas ( o Glauco poderia ter sua tendinite no tornozelo muito agravada com mais de 30 km de trekking pesado pela frente , eu poderia ter meu pé também detonado por tantas bolhas e inchaço), corríamos o risco de nos desentendermos devido o stress que a situação poderia causar; ou poderíamos desistir, como fizemos.
É claro que como atletas que somos, sempre achamos que podemos mais. Sempre temos a tendência a completar a qualquer custo!! Inclusive existe e célebre frase: “ A dor é temporária, desistir é para sempre”! que quase todo atleta usa como lema.
Mas de uns anos para cá, venho questionando isso. A minha história de vida e de atleta , inclusive, já me mostra que eu sou capaz de seguir a qualquer custo, de completar mesmo apesar das difíceis circunstâncias. Não tenho mais que provar isso para mim mesma , muito menos para os outros.
Não estou querendo  dizer aqui que não serei mais competitiva e desistirei no primeiro obstáculo. Quero dizer que se a situação estiver a um ponto que não estiver fazendo meu coração e minha alma vibrarem, não insistirei por puro ego ou vaidade!
Percebi com muita clareza, que quando estamos  sendo levados pelo ego, pela vaidade e por outros sentimentos não tão construtivos, perdemos energia, ficamos esgotados, abalados emocionalmente. O corpo só sinaliza!
De modo contrário, quando estamos sendo guiados por sentimentos de cooperação, quando estamos compartilhando sinceramente, quando estamos cuidando e nos permitindo ser cuidados, uma enorme onda de energia nos invade! Uma vitalidade inimaginável! 
Nós quatro tivemos a dádiva de vivenciar tudo isso. Como o Glauco comentou ainda deitado na rede, ao acordar de manhã, nós fomos levados para A CABANA e temos muito aprendizado para tirar de tudo isso, inclusive a percepção de que existe algo maior , além de nós atuando e nos guiando nesse mundo.
Não sei se meus outros companheiros de equipe conseguem enxergar dessa forma. O que sei, é que ao chegar em Niterói, na minha casa, tomar banho no meu chuveiro e finalmente deitar na minha cama para dormir às 20:00h de domingo 20/05, lembrei que a sensação não era tão diferente da paz que senti naquela rede na casa do seu João. Percebi que o bem-estar está muito mais relacionado com os sentimentos e com a energia pura que envolve os ambientes, do que com o ambiente em si.


AGRADECIMENTO
Naquele momento , agradeci a Deus, a seu João , a d. Joana e a sua família por terem me ensinado essas valiosas lições!
Após esse agradecimento e após sentir a onda de vibrações positivas que me invadiu naquele momento, dormi o mais leve porém profundo e restaurador sono que já dormi em toda minha vida!
No dia seguinte as 7:00h acordei sentindo que algo tinha mudado dentro de mim. Ao atravessar o Vão de Almas, ao atravessar aquele rio que me levou a casa de Natalino e deu início a tudo que veio depois, minha alma e meu coração ficaram mais leves.
Espero que essa sensação só cresça cada vez mais dentro de mim e que eu possa e consiga transmiti-la a todos que convivem comigo.
Namastê ( o meu Deus interno saúda o seu Deus interno)
A Título de Curiosidade:
O Vão de almas é Um território de 2..530 km2 de serra e rios, a 400 km ao norte da capital brasileira.
Depoimento kalunga:
“O Estado nos deve, durante muitos anos nada recebemos. Não queremos ir para a cidade, passar fome, lutamos por uma estrada e educação", lamenta Zé, que foi eleito representante da comunidade no município, para aonde vai uma vez por mês”.
“Os habitantes do Vão de Almas são a parcela menos favorecida economicamente da Comunidade Kalunga. Soma-se à falta de recursos a dificuldade de acesso para se chegar até eles, que pode ser contornando por doze quilômetros, a pé, o Rio Paranã; ou caminhando uns sete quilômetros para depois atravessá-lo. No local da travessia do rio há canoas feitas por pessoas da comunidade que cobram cinqüenta reais pelo trajeto, facilitando a passagem de um lado para outro.  Outra forma de acesso aos kalungas “de Almas” é através de uma íngreme estrada feita por volta de dois anos, onde só passa veículo traçado.” ( Economia kalunga no Vão de Almas, Leda Arminda Machado Barros)

Um vídeo bem legal SOBRE o povo Kalunga do Vão de Almas





terça-feira, 7 de fevereiro de 2012